A exposição que marca a estréia da Millan Antonio traz o mais jovem do grupo de artistas brasileiros liderados pelo pioneirismo de Helio Oiticica no inicio do movimento neo concreto nos anos 70: TUNGA, Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão, hoje um dos artistas mais reconhecidos no mundo. Para recordar, Tunga é arquiteto de formação e iniciou sua carreira nas artes visuais em 1973. Há 10 anos não faz uma exposição individual em São Paulo com exceção daquela no Centro Cultural Banco do Brasil em maio de 2001. Entretanto, sua obra já foi vista no museu Guggenheim de Veneza e de Nova York; nas Bienais de Istanbul e de Gwangju na Corea; na X Documenta de Kassel, no Museu Jeu de Paume em Paris; no Museu de Arte Contemporânea de Miami, no museu Reina Sophia em Madri, para citar algumas das mais importantes instituições culturais do mundo.
No salão principal do piso térreo (100m2) vai ser apresentado o projeto Afinidades Eletivas, uma obra inspirada no romance de Goethe que discute a teoria da sexualidade. Esculturas em ferro galvanizado, aço e alumínio adquirem formas de círculos irregulares, dentes agigantados, hastes de ferro, sedas e feltro. “O processo de produção dessas esculturas se identificam com o processo de calcificação que ocorre no corpo humano”, traduz o artista ao se referir as peças que compõem esta obra. A presença de formas de dentes humanos sustenta um diálogo alegórico e manipula um espaço instável entre a sedução e o perigo – dois pólos opostos de prazer.
As Afinidades Eletivas proporcionam às esculturas ocupar seu próprio espaço, independente do lugar onde elas estejam. Elas se adaptam ao local onde são colocadas e se tornam diferentes a cada momento, contrariando a tendência do site specific. Laminosae Animae é o título do projeto apresentado por Tunga no primeiro piso da galeria. Nele está contido um laboratório de investigação no qual o artista vai apresentar uma obra escultórica, desempenhando com mais três personagens uma idéia concebida e já realizada, oferecendo ao público presente uma interação investigativa, instigante, uma continuação do desenvolvimento físico da obra. A curiosidade despertada no momento desta cena certamente vai provocar questões do porquê daquele jogo de sedução, quando certos mistérios não são revelados, mas traduzidos pelo próprio Desempenho.
Neste trabalho serão utilizados diversos materiais, como inúmeras lâminas de vidro, pórticos de madeira, mesas, microscópios, bengalas, e imensos alfinetes que atravessam os pórticos e são pendurados nas paredes. Ainda neste ambiente do Desempenho estarão montados dois viveiros com animais vivos. “São investigadores observando insetos e batráquios, numa operação de dimensões e metamorfoses”, comenta o artista.