Conhecido por seu trabalho figurativo, Rodrigo Bivar apresenta em sua nova individual na Galeria Millan, intitulada Lapa, obras abstratas. São cerca de 15 óleos inéditos – de grande, médio e pequeno porte – que propõem uma espécie de “jogo mental” sobre o espaço na pintura; onde a estrutura permanece, com cores e formas que aparentam se deslocar na tela.
Rodrigo Bivar vem trabalhando em sua incursão abstrata há dois anos. A mudança não implicou apenas uma transformação estética, - onde, por exemplo, a cor se liberta de seu uso secundário na imagem e assume o papel de protagonista na pintura -, mas como também houve uma renovação no fazer artístico, onde o processo torna-se essencial.
Para o curador Tiago Mesquita que assina o texto crítico da exposição Lapa, Rodrigo ingressou em uma fase mais séria e concentrada: O trabalho abandonou o tom de crônica leve; adotou um colorido mais baixo e arranjos mais severos”.
O preparo das tintas também mudou: a tinta à óleo leva gema de ovo, ganha em transparência e permite aos trabalhos jogos de luz. A cera de abelha, usada pelo o artista, retira o excesso de brilho da tinta. Em cada tela, Rodrigo Bivar busca contrapor a rapidez na apreensão das imagens com a lentidão com que foram produzidas.
Para esta individual, o tradicional bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, onde Bivar mantém seu ateliê, foi fundamental. A arquitetura da região – paredes, portas, janelas -, se desfigura e, em seu lugar, surgem cores e formas que ocupam o espaço da pintura.
Se por um lado, Lapa denota essa ruptura na trajetória artística de Rodrigo Bivar, por outro, evidencia a relação afetiva que o artista possui com o bairro onde trabalha, tal como ele próprio enfatiza: “Sem me dar conta, a Lapa e suas cores adentraram na minha pintura.“