MENU
Planetário 05/10 >> 25/10/19

Planetário

05/10 >> 25/10/19
05/10 >> 25/10/19
Fernando Laszlo
Planetário
Sobre

O universo retratado pelo Fernando Laszlo remete às últimas descobertas da ciência sobre o cosmos. O universo tem 14 bilhões de anos, mais ou menos, e vai acabar daqui 14 bilhões de anos. Recentemente, os cientistas disseram ter descoberto que, antes da origem do universo, existia uma espécie de mini-quarks que, ao se juntar, poderiam ter produzido o universo através do chamado Big Bang. Neste nosso universo, ainda temos coisas espantosas. Por exemplo, o buraco negro que pode sugar uma galáxia e, ao mesmo tempo-espaço, outro buraco negro pode sugar uma galáxia e sustentar uma outra. O mundo sub-atômico às vezes tem muita semelhança com as coisas do universo. Gravitação, força de atração, explosões: o itinerário todo é totalmente ka&oacu te;tico. Só por milésimos de segundo de tempo espacial, temos as órbitas como caricaturas da realidade. No entanto, é sempre diferente cada órbita, sendo sujeita a, a qualquer instante, uma explosão de aniquilamento com misteriosas forças de magnetismo e do inacreditável e já citado buraco negro. Todo este mistério, tão luminoso e misterioso, é retratado magistralmente por esse planetário do Laszlo. Meteoritos, cometas, explosões solares, e sabe-se lá o que Deus quiser que ainda descobriremos. Mas mesmo essa possibilidade ainda a se descobrir está retratada na obra do Laszlo. 

O microcosmo que serve de base para as suas fotos é maravilhosamente relacionado com o imensamente grande. Daí termos a beleza do cálculo da incerteza retratado em forma de arte. Tudo isso está entrelaçado e é de beleza e estranhezas infinitas e a estética dominante, a meu ver, é a estética do cálculo da incerteza. Equilíbrios e movimentações que são, ao mesmo tempo-espaço, aleatórias e não são. Eu diria que ele fez um planetário que é como um universo num único verso. É um trabalho de profundidade e de profunda força de gravidade e ao mesmo tempo fazendo acontecer na imaginação de quem o admira uma sensação de estranheza e simultaneidade, de gravidade, de instantaneidade e de felicidade. A se nsação é de estarmos diante da quarta dimensão, tendendo ao infinito. Lembro-me de Heráclito de Éfeso: tudo está em constante movimento, na obra e nos neurônios que percebem tudo isso pelo olhar. Artes plásticas como a música de Béla Bartok e os batuques do Candomblé e a capoeira e assim até o infinito. Muito som, o universo cheio de sonoridades. Do pequeno elétron até a nossa querida Via Láctea e as almas de todos nós. É um verdadeiro pandemônio onde as definições se acumulam em anti-definições à escala do inimaginável. E pra quem quiser acreditar, também tem muitos laços com a astrologia móvel e a astrologia imóvel. 

Cada mistério desemboca em dez mistérios, dez mistérios esclarecidos desembocam em cem milhões de mistérios até o fim sem fim e, como disse Galileu Galilei, Eppur si muove! Termino com a frase da música popular brasileira, que diz: a lua é dos namorados.

Jorge Mautner