A presença de obras de Joseca Mokahesi, André Taniki e Claudia Andujar em Foreigners Everywhere, na 60ª Bienal de Veneza, Itália, é o ponto de partida para ensaio de Ana Maria Machado e Daniel Jabra. No texto, publicado no site da revista Select_Celeste, os antropólogos refletem sobre os 50 anos de luta yanomami pela defesa de seus direitos e território por meio da arte.
“A arte, o xamanismo e os sonhos são fundamentados em imagens, embora o conceito de imagem (utupë) entre os Yanomami se diferencie substancialmente da imagem tal qual a compreendemos", escrevem Ana Maria Machado e Daniel Jabra. "Ainda assim, é nas fissuras proporcionadas pela linguagem da arte que se abrem espaços capazes de nos aproximar das imagens e do pensamento yanomami. Os Yanomami nos ensinam que Mari hi é o nome da árvore dos sonhos, criada por Omama – o demiurgo Yanomami. Quando as flores dessa árvore desabrocham, enviam sonhos aos Yanomami. Esta imagem evocada por Mari hi pode ser também imagem dos desenhos e pinturas Yanomami que florescem inspirados em sonhos, xamanismo e na beleza da vida na floresta, rompendo fronteiras e levando aos principais circuitos da arte mundial imagens inspiradas em mitos, sonhos e entidades xamânicas. Imagens que evocam outras formas de ser e estar no mundo, mensagens cosmopolíticas que se deslocam para lugares muito além da floresta Yanomami, abrindo brechas e possibilidades de diálogo que apenas a arte, em sua capacidade de tocar as pessoas, é capaz de alcançar. Arte que é sonho, xamanismo, floresta. Nas palavras de Kopenawa, 'é flecha no coração dos brancos'.”
São Paulo, Brasil
Nova York, EUA
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