Em Fever Nights, Maya Weishof apresenta duas pinturas de grandes dimensões, realizadas nos últimos meses, período em que fez residência na Cité Internacionale des Arts. A mostra é acompanhada por uma entrevista da artista por Jéôme Sans.

As duas obras em exposição, The Magical Circle (2022) e Febril (2022) são posicionadas frente a frente, delimitando a circulação do público no espaço expositivo. Mas, ao contrário de encerrar o ambiente, as telas funcionam como espelhos que refletem um ao outro e abrem janelas – ou portais – para paisagens simultaneamente bucólicas e apocalípticas.

Alimentada por um vasto repertório de imagens - que vão desde a história da arte, manuais de arquitetura, iluminuras em manuscritos renascentistas e medievais, até desenhos animados - a pesquisa recente de Maya se concentra nas representações do medo e como ele pode ser apresentado no corpo, especialmente naquelas encontradas nas imagens do apocalipse. Como consequência, estas cenas inicialmente bucólicas – que remetam a abordagem luxuriante do Fauvismo em relação à cor e à forma – se tornam representações do momento anterior a um acontecimento terrível ou fantástico. Ou, talvez, ambos.

O crepúsculo, presente nas pinturas, não apenas anuncia a noite, mas traz consigo todo o ideário da história ocidental sobre o período noturno. O resultado são pinturas que se localizam no território limítrofe entre os perigos e os prazeres da noite: O onírico e o obscurecimento da razão, as criaturas magicas, mas também os monstros que se escondem nas sombras.

As explorações temáticas são acompanhadas por um tratamento diferente da superfície pictórica por Weishof. Nas cenas representadas, há uma amplitude espacial ainda não vista com frequência na produção da artista, e as molduras pintadas diretamente sobre a tela se abrem para vastas paisagens de horizontes distantes, nas quais os personagens habitam diferentes planos. Simultaneamente, o derretimento de formas e limites, as cores vívidas e os gestos inflamados, que dão o aspecto febril ao seu trabalho, também encontram espaço para experimentação na atual fase da prática de Maya Weishof.