Number of Days Lived, 2019 (detalhe)
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
26082023/23092023 | Millan, São Paulo, 2023 | Foto: Ana Pigosso
A artista Ana Amorim (1956, São Paulo, SP) inaugura em 26 de agosto, sábado, sua individual na Millan. A curadoria é de Jacopo Crivelli Visconti. Intitulada 26082023/23092023 —uma referência ao primeiro e ao último dia de visitação—, a exposição apresenta um conjunto de obras e documentos produzidos no decorrer dos últimos 30 anos nunca antes exibidos.
Por conta de decisões conceituais da própria artista, seu trabalho permaneceu alheio aos circuitos tradicionais da arte contemporânea e, apenas recentemente, passou a ter maior projeção, de modo que engendra novas leituras acerca da arte conceitual e ainda, seus atravessamentos de gênero.
Realizada na Millan, 26082023/23092023 ocupa as duas salas expositivas do espaço da galeria no número 1.430 na rua Fradique Coutinho. A seleção coloca em evidência a prática metódica e diligente de Amorim, com obras como 365 Hours que resulta da contagem de segundos e registros de mapas diários por todo o ano de 2019. Dando dimensão à passagem do tempo e aos dias vividos pela artista, a obra ocupa inteiramente a parede do primeiro espaço expositivo da galeria, criando uma espécie de calendário com os desenhos de mapas mentais e de seus trajetos diários, além de registros da contagem de segundos por uma hora a cada dia daquele ano.
Diante da instalação, na parede oposta, está o livro dos mapas de 2019. A produção de livros anuais com registros diários é considerada pela artista e pelo curador como a prática que sintetiza sua obra —são os registros feitos neles que dão origem aos demais trabalhos de Amorim. Tanto que o livro exibido na Millan integra um conjunto de quase 70, produzidos desde 1988.
Seu trabalho também adquire a forma de desenho, bordado, colagem, escrita e a coleta de materiais e notícias, entrecruzando, assim, o pessoal e o político, além da noção de crítica institucional na arte contemporânea.
No texto curatorial sobre a mostra, Visconti escreve que "as obras aqui expostas são o lado da sua produção em que Ana Amorim demonstra ter plena consciência da necessidade, da urgência até desse debate. Obras que tensionam o paradoxo de ter que produzir para um mercado no qual ela não se reconhece, porque sabe que é esse mesmo mercado que objetivamente gera e alimenta a produção, o debate, a circulação e a visibilização de trabalhos e ideias. Até aquelas ideias que, no longo prazo, têm potencial de mudar o sistema”.
Na segunda sala expositiva, são mostrados em vitrines documentos, além de trabalhos de períodos variados realizados sobre diversos suportes. Eles são mostrados em uma grade desenhada sobre a parede, cujos blocos vazios entre as obras serão preenchidos pela artista com mapas mentais diários ao longo de todo período da montagem ao encerramento da exposição.
Com um trabalho que se relaciona a movimentos como arte conceitual, situacionismo e Fluxus, a obra de Ana Amorim tensiona os limites entre arte e vida, e as dificuldades nas relações políticas e institucionais da arte contemporânea.
Ela relata que, em 1988, decidiu que sua vida era arte. "Eu compreendia arte como sendo uma sequência de experiências profundamente enraizadas no meu entorno e nas relações que eu estabelecia em minha vida diária. Neste mesmo ano, iniciei o Projeto Performance de 10 Anos (1988-1997). Esse projeto consistia no registro diário, ao final do dia, de um mapa mental em livros, pelo período de 10 anos. Os mapas eram depois transferidos para outros suportes chamados de Grandes Telas, consistindo de grandes séries anuais de trabalhos (01 de janeiro a 31 de dezembro). Durante este processo, descobri que o conceito de 'rotina' se tornou o elemento central do meu projeto”, diz.
















2019
“Todas as noites durante o ano de 2019 eu tinha a seguinte rotina: 1. Contei segundos por uma hora 2. Registrei um mapa narrado do meu dia 3. Registrei um mapa completo do dia 4. Registrei o número localizador do dia 5. Registrei um mapa simplificado do dia”; caneta esferográfica de tinta gel preta sobre papel
Conjunto de 365 | Cada: 31.9 x 44 cm | Total: 550 x 1000 cm (aprox.)
Foto: Ana Pigosso


2019
"Todos os mapas do ano de 2019, de 1 de janeiro a 31 de dezembro, foram registrados no mesmo livro. Esse livro é o ponto de partida para todos os registros subsequentes e é o trabalho mais seminal da minha prática"; caneta esferográfica e colagem sobre livro de 365 páginas
20.3 x 17.7 x 3 cm
Foto: Ana Pigosso


2019
"Este projeto consiste em registrar o número total de dias que eu havia vivido a cada dia durante o ano de 2019"; caneta esferográfica de tinta gel preta sobre etiqueta de papel com cordão vermelho
Conjunto de 365 | Cada: 2 x 1 cm
Foto: Ana Pigosso



2011
“Em 2011, atuei como Transcomunicadora para Sydney Possuelo em um encontro com os povos de Bay of Plenty, na Nova Zelândia. Eu fiquei muito impressionada com a experiência e quando retornei para casa decidi desenhar e, mais tarde, bordar o mapa e as minhas impressões do dia”; linha bordada sobre tecido
108 x 200 cm (aprox.)
Foto: Ana Pigosso




2012
“Mapa do dia em que cancelei o meu Doutorado no Departamento de Arte Maori da Universidade Massey, na Nova Zelândia. A minha tese seria arquivada na biblioteca da universidade e isso violaria o meu Contrato de Arte"; lápis sobre tela
15 x 15 cm
Foto: Ana Pigosso


2019
"Trabalho sobrepondo 7 mapas em cada etiqueta, e cobrindo cada mapa com corretivo líquido, entre 19 de agosto e 1 de setembro de 2019, em São Paulo"; caneta e corretivo líquido sobre etiqueta de remessa
Conjunto de 2 | 31 x 29 cm
Foto: Ana Pigosso



2021
"Trabalho inclui a reprodução de um artigo sobre as consequências sociais e ecológicas abrangentes da destruição e eliminação dos sistemas de conhecimento dos povos indígenas em comunidades locais e o meu mapa para aquele dia"; caneta de tinta gel preta sobre papel branco
41 x 48.4 cm
Foto: Ana Pigosso


São Paulo, Brasil
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Porto Alegre, Brasil
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