MENU
Arriba do chão 22/01 >> 19/02/22

Arriba do chão

22/01 >> 19/02/22
22/01 >> 19/02/22
David Almeida
Arriba do chão
Sobre

A Galeria Millan tem o prazer de apresentar Arriba do chão, primeira exposição individual de David Almeida (Brasília, DF, 1989) em seu espaço expositivo, de 22 de janeiro a 19 de fevereiro de 2022. Abrindo o programa de exposições da galeria para 2022, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e reúne pinturas de pequenos e grandes formatos e cerâmicas recém-produzidas pelo artista. A exposição acompanhará ainda uma publicação, a ser lançada na ocasião da abertura, contendo o texto curatorial completo em diálogo com uma seleção de trabalhos apresentados.

A pesquisa de David Almeida tem como eixo principal as problemáticas do espaço e do corpo em percurso, explorando a visualidade do território íntimo, da cidade e da paisagem regional brasileira. Almeida engendra os conceitos de memória, corpo, fantasmagoria e percepção óptica, criando telas em que o íntimo de uma cultura ou povo se apresenta de forma sutil pela paisagem.

Em sua primeira individual na Galeria Millan, Almeida apresenta sua pesquisa em pintura a partir de uma diversidade de caminhos: telas em grande e pequeno formato, suportes como o linho, o algodão e a madeira, assim como gravuras e cerâmicas, que expressam uma contínua investigação de relevos e combinações cromáticas. O processo de produção dos trabalhos apresentados se organiza dentro e fora do ateliê, retratando uma memória de paisagens que misturam lugares como Ubatuba, Cidade Tiradentes, Chapada dos Veadeiros e as matizes do cerrado, a reserva biológica de Contagem, em conjunção com uma criação visual quase onírica que não necessariamente parte da observação. 

Para Quintella, “ao confrontar o conjunto, torna-se quase impossível diferenciar o que foi feito ao ar livre e o que foi gestado no ateliê, e isso pouco interessa. Noutros casos, como nas pinturas preparadas com bolo armênio, a vermelhidão e as altas temperaturas do sertão e do cerrado cearenses e as asperezas do agreste (que habitam o imaginário do artista devido aos seus vínculos familiares na região) encontram os ecos do Courbet das grutas de Franche-Comté e das praias da Normandia.” 

Se as pinturas menores se ocupam da textura e das cores fortes das paisagens naturais, as pinturas de grande formato carregam, segundo a curadora, um aspecto mais metafísico e espiritual e não se situam de fato em um tempo e espaço marcados. Nestas, a imaterialidade das localizações retratadas por Almeida atinge seu caráter mais expressivo, em consonância e desdobramento com a prática de uma geração de pintores responsáveis por uma inflexão na investigação pictórica da paisagem no Brasil. 

Nas cerâmicas, em contra-partida, a abordagem de Almeida está voltada à matéria e o suporte passa a ser simultaneamente representação e assunto, concedendo corporeidade não somente à paisagem, mas à sua matéria fundante: a terra.

 

Texto crítico por Pollyana Quintella

vídeos