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Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento 19/11 >> 17/12/22

Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento

19/11 >> 17/12/22
Curadoria
Guilherme Wisnik
19/11 >> 17/12/22
Túlio Pinto
Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento
Curadoria
Guilherme Wisnik
Sobre

Intitulada Lastros e Tensões. Deformações e Acolhimento, a exposição conta com curadoria de Guilherme Wisnik e apresenta uma seleção de obras inéditas.

Dois anos após sua última exposição solo na galeria, Buraco no céu (2020), Túlio Pinto apresenta os desdobramentos recentes em sua investigação sobre os limites de materiais de uso industrial.

Localizadas entre escultura e instalação, as obras produzidas com blocos ou barras de aço e bolhas de vidro soprado se organizam em arranjos precisos de equilíbrio e jogo de forças.

As obras se sustentam autonomamente, em equilíbrio, e colocam em tensão os pressupostos sobre a fragilidade do vidro e o peso do aço. Para atingir esse resultado, no ateliê onde é o vidro é soprado,– com o material ainda quente e maleável –, as bolhas são pressionadas contra as chapas e vigas de aço, para que se moldem a elas. Esse processo se desenvolveu a partir de trabalhos nos quais o artista posicionava peças de concreto contra balões de festa – que, no embate com o peso, iam pouco a pouco, cedendo e murchando.

“A primeira impressão que temos ao ver esses trabalhos escultóricos de Túlio Pinto é a de que as bolhas de vidro vão estourar, já que, aparentemente, não poderiam resistir ao apoio daquelas massas brutas. Por isso, o paradoxo, que, nos trabalhos do artista, ganha ares de uma espécie de milagre laico, ou, na verdade, de uma explicitação materialista: os volumes de vidro são, sim, muito resistentes, e ainda mais quando sua geometria se contorce, distanciando-se da fragilidade das chapas planas. Assim, enquanto as barras de ferro realizam a força de empilhamento, as informes bolhas de vidro se deformam para apoiá-las. O conflito se resolve provisoriamente em acomodação”, comenta o curador.

Tal operação, entendida pelo artista como uma “performance dos materiais” se configura numa organização precisa das peças que compõem os trabalhos – levando em conta as propriedades e os antagonismos das matérias, que permitem que as obras permaneçam estáticas.

Há ainda um contraste entre a forma orgânica do vidro e a precisão industrial da liga metálica, para Wisnik: “Daí, a meu ver, a força desses encontros improváveis, nos trabalhos de Túlio Pinto, entre ferro e vidro, ou entre as formas geométricas claras e o organicismo informe de estruturas frágeis que se amoldam ao esforço bruto de compressão. Ou, ainda, entre o peso da barra de ferro, de extração industrial, e a consistência mutante da película vítrea, que, soprada delicadamente pelo pulmão de um trabalhador artesão, esculpe-se em formas pelo movimento de massas de ar.”

Avançando em debates postos pelo minimalismo e pela arte construtiva brasileira, a produção de Túlio Pinto permeia de maneira singular os conceitos de harmonia, equilíbrio e efemeridade, formulando a coexistência de opostos, assim como experiências dos espectadores com o espaço.