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Reviravolta 11/06 >> 16/07/22

Reviravolta

11/06 >> 16/07/22
Curadoria
Camila Bechelany
11/06 >> 16/07/22
Tatiana Blass
Reviravolta
Curadoria
Camila Bechelany
Sobre

Há na atual produção de Tatiana Blass um movimento dúbio, de apagamento e revelação, de construção e desconstrução, de intervalo e continuidade, que leva o espectador a duvidar do que realmente se passa diante de si.

Em O fim continua (2022), nova instalação construída pela artista para o espaço, uma mangueira de ferro que se encontra no interior da galeria atravessa a arquitetura e marca o espaço com um rastro de ferrugem.

“O encontro com a obra de Tatiana Blass nos leva a um lugar de risco, onde a certeza nos escapa. Em uma perspectiva ampla, o trabalho mais recente da artista parece querer lidar com uma leitura e uma reflexão recorrentes a respeito do tempo, criando materialidades para um elemento ocultado, que aparece tanto em suas pinturas quanto nas obras tridimensionais”, escreve Camila Bechelany no texto que acompanha a exposição.

A partir de um procedimento similar ao da instalação, Blass realizou um conjunto de esculturas intituladas Reviravolta (2022), criadas com mangueiras de borracha e de ferro entrelaçadas em formato de uma fita de Möbius. Trata-se de uma investigação sobre o espaço topológico infinito que atravessa a história da arte no Brasil desde a segunda metade do século XX. É uma alegoria da continuidade do fim que não diz respeito ao término, à aniquilação ou ao encerramento, mas, sim, à reconfiguração formal e material de modos de existência no espaço e no tempo. Continuidade e fim, maleabilidade e rigidez, forma e conteúdo são contrastes dissolvidos e espelhados em toda a exposição.

“A produção de Tatiana Blass é marcada pela prática constante da pintura e por um experimentalismo em torno da matéria. Seja a obra uma escultura, um objeto, uma instalação ou um vídeo, ela é sempre atravessada pela problematização pictórica – que evidencia questões de volume, enquadramento e encaixe – e pela presença da linha na composição”, pontua Bechelany.

Além das esculturas centrais, a exposição traz o que Blass descreve como “esculturas em ação” — obras feitas em cera e contendo elementos condutores de calor que paulatinamente deformam a figura esculpida — e conjuntos inéditos de pintura: a série Os sentados (2022) e Os de pé (2022), de obras inspiradas em fotografias de cenas de teatro; a série de pinturas Bagunça (2022); e, ainda, o conjunto Pintura que derrete (2022), de quadros que têm como suporte placas de metal e são realizados com tinta e cera, a qual se desfaz lentamente a partir de um mecanismo de condução de calor ativado pela presença do espectador.

No decorrer do período expositivo, a Galeria Millan lançará uma brochura com fotografias e poemas inéditos realizados pela artista durante os últimos anos. É uma publicação que reverbera as pesquisas poéticas de Tatiana Blass em torno do esgarçamento da linguagem visual e simbólica e da continuidade do fim como produtor de modos de existência no espaço e no tempo. Como afirma a artista em trecho de “O fim continua”, um dos poemas que compõem a publicação, “Nada se acaba, só muda de superfície”. Além da brochura, a Galeria Millan também publicará um catálogo da exposição com texto curatorial assinado por Camila Bechelany.

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