Neste sábado, 29, Lidia Lisbôa (1970, Vila Guarani/Terra Roxa, PR) abre sua exposição individual "Ofício: Fio: Mulher Esqueleto", no galpão de oficinas do Sesc Pompeia, em São Paulo. 

Na exposição, a artista reescreve o arquétipo da mulher-esqueleto — conforme apresentado pela autora norte-americana Clarissa Pinkola —, apontando a para possibilidade feminina de se fazer e de se refazer. Com trabalhos de diferentes períodos da sua carreira e um grande conjunto de obras inéditas, Lisbôa propõe um percurso pelo ciclo de vida-morte-vida.

Partindo do crochê, escultura, desenho e performances, a artista endereça práticas historicamente femininas para tecer narrativas atravessadas pela própria história, bem como por problemáticas sociais, políticas e ambientais.

No texto crítico que acompanha a mostra, o curador Guilherme Teixeira escreve "Aqui paramos. Olhamos pro lado. Respiramos. Somos seres do peito frágil, e precisamos de ar para poder enunciar o gesto onde trama e curva dão um nome a cada nó; o nó do dedo que encontra o nó da fibra e a falange que empurra a terra intermitentemente, fazendo possível uma arquitetura de outra espécie; o nó da memória que começa em Guaíra, e se desdobra pela história de Lidia até os nossos olhos e nossas dúvidas, pois arremessa no espaço o caminho de um corpo que cede ao seu próprio peso, que extrai de si fragmentos que recebem o espaço — e todes que se propõem a estarem nele, em um movimento que habita, do alto de sua dança, o porvir e o testemunho: existe um afeto no nó e no modo como a proposição de Lidia Lisbôa se derrama, do pano à terra, do lúdico ao cativo, do silêncio ao grito, do confinamento ao se poder espaço. Assim como se comprime um osso, se aperta um nó, e tal qual testemunhas de uma dissecação assistida, o convite aqui pede, não… demanda, compreensão, pois é constante o exercício de autópsia de uma estrutura".

ver mais