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iTa LíTica Barroca 26/02 >> 19/03/16

iTa LíTica Barroca

26/02 >> 19/03/16
26/02 >> 19/03/16
Niura Bellavinha
iTa LíTica Barroca
Sobre

A exposição iTa LíTica Barroca, que abre dia 25/2, quinta-feira, na Galeria Millan, traz a São Paulo o primeiro filme - um média-metragem - realizado pela pintora mineira Niura Bellavinha. Intitulado “NháNhá”, o trabalho é o foco central da nova individual da artista e ganha uma projeção na parede da sala principal da galeria.

Com roteiro e direção de Niura, e realizado pela artista junto ao curador Alberto Saraiva, “NháNhá” coloca às vistas do observador a pintura em processo de Niura Bellavinha. Rodada no interior do Brasil, mais especificamente em Minas Gerais, esta obra volta a explorar situações onde o ar torna-se o suporte do pigmento - no caso, a poeira - enquanto pigmento seco, que, junto à luz, transforma-se em pintura efêmera, poética e trágica.

“NháNhá” foi um apelido usado no Brasil pelas mucamas, mas também era a maneira carinhosa como era chamada a avó de Niura, que aqui transforma o olhar do observador e sua relação com a pintura quando se desvia das telas, tintas e pincéis usuais e dá corpo à sua arte por outros meios. As cidades mineiras - desocupadas pela atuação constante e agressiva de mineradoras -, com suas paisagens quase desérticas atravessadas pela poeira densa, tornam- se o suporte da artista, que desenvolve sua pintura a partir do tempo e da interação do movimento do ar com a luz.

Bellavinha buscou criar planos fixos que vão sendo envolvidos por camadas de poeira, como uma pintura efêmera que se transforma lentamente. “NháNhá” envolve o espectador e o introduz a uma visão única da pintura graças a um desenho de som primoroso - a cargo do duo O Grivo -, quando a coisa vista é redimensionada e resignificada. O som acompanha o filme com delicada sutileza e revela o que está além da imagem vista por conta de ruídos e interferências. A casinha que Niura escolheu registrar “fala”, e as máquinas emitem o som da destruição de forma sutil e intimista.

“O entorno transforma-se em pintura e segue por transformar a minha própria pintura em filme. Gosto de dizer que este trabalho remete o espectador ao ‘tempo da pintura’”, comenta a artista.

A exposição é composta, ainda, por um conjunto de obras que envolve desde matérias aéreas, como a poeira e os meteoritos, até as pedras-sabão usadas nas esculturas de Aleijadinho e também originárias de Minas Gerais. Niura recria as conexões com os materiais e matérias do barroco, além de atualizar esse estilo com um olhar contundente sobre sua forma e formação.

São apresentadas fotografias (“Articulados”), pinturas sobre telas e desenhos, nos quais a tinta utilizada foi produzida no ateliê da artista a partir de pigmentos oriundos do solo e de pedras de várias regiões de Minas Gerais, como Itabira, Ouro Preto, Mariana, Ferros, Passárgada e Jequitinhonha.

Sobre a artista

A pintora Niura Bellavinha vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, sua cidade natal. Ao logo de sua trajetória participou de importantes exposições coletivas e Bienais, como São Paulo (1985, com “Performance”; 1994, com pinturas em grandes dimensões); MERCOSUL (1997, pintura–instalação; 2005, performance-vídeo; 2015, “NháNhá” e o “Articulado_Guignard”); Bienal de Cuenca, Equador (1995, pintura); e Biwako Biennale, Japão (2010, pintura-instalação- vídeo, e 2014, filme “NháNhá”). Além disso, já expôs na Galeria Millan em 1993, 1995, 1997 e 1998, entre outras galerias paulistanas.

Niura pesquisa os elementos naturais explorando as características e possibilidades ligadas à água, à terra e aos meteoritos, associados a uma reflexão pessoal de como dar forma às suas ideias.

Para 2016, ela prepara interferências urbanas inéditas nas cidades de Genebra, na Suíça, e Lisboa, em Portugal. E, no momento, está pré-produzindo o seu primeiro longa-metragem, a ser rodado em 2017.