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Teatro para cachorros e aviões 02/03 >> 27/03/10

Teatro para cachorros e aviões

02/03 >> 27/03/10
02/03 >> 27/03/10
Tatiana Blass
Teatro para cachorros e aviões
Sobre

Em sua segunda individual na Galeria Millan, um dos expoentes da nova geração, Tatiana Blass (São Paulo, 1979), apresenta a exposição Teatro para cachorros e aviões. São pinturas e esculturas que remetem à ideia de despedida: aviões partindo e cachorros indo embora, esses últimos absorvidos pelas pinturas e derretidos nas esculturas.

Desdobramento da série Teatro da despedida, as novas esculturas em forma de cães de parafina irão se derreter no decorrer da exposição, em processo de desconstrução, como uma performance. Em uma das figuras, os ossos do animal surgirão aos poucos, à medida que o refletor de luz, direcionado para a escultura, irá aquecer a parafina. A outra peça inédita, encrustrada na parede da galeria, tem o negativo do molde do cachorro fundido em latão. A parte em positivo, de parafina, sofrerá o mesmo processo de derretimento, fazendo surgir o latão de dentro da parede.

Haverá ainda, na vitrine que ocupa o corredor da galeria, a escultura Cão cego, já exibida na capela do MAM-Bahia, em Salvador, em agosto de 2009. Moldada a partir de cachorro deitado no chão, tem partes do corpo do animal em latão fundido e partes com parafina derretida, “criando uma convivência de materiais com temperamentos diversos em uma só figura”.

Já o conjunto de pinturas, parte da série Teatro para cachorros e aviões, se aproxima da linguagem do teatro, uma vez que cachorros, aviões e outras figuras aparecem como personagens de uma peça. “As obras refletem sobre a pintura como construção ficcional, em que o espaço ilusório da tela é somado ao espaço ilusório do palco de teatro, criando a encenação de uma narrativa em aberto”, explica Tatiana Blass.

Na sala superior da galeria, a artista apresenta pinturas acompanhadas de texto escrito por ela mesma, intitulado também Teatro da despedida. Cada uma das pinturas corresponde a um parágrafo do texto, todos impressos em um pequeno livreto disponível para o público.

Segundo Tatiana Blass, a figura recorrente dos cachorros aparece por sua incapacidade de representar. “Estão como atores da vida comum, que vagam pela cena, sem um comportamento predestinado”. Já a referência ao palco de teatro, de acordo com a artista, aparece nestas pinturas e esculturas como um lugar cotidiano, ou mesmo o próprio mundo, como se ali estivesse uma encenação interminável, em que todos vestem seus papéis com tal competência, que o figurino torna-se seu próprio corpo, e mesmo, sua própria identidade. “O ator é esquecido e só resta o personagem”, completa.