Em 27 de abril, sábado, a artista Fran Chang (1990, Poços de Caldas, MG, Brasil) abre sua primeira exposição na Millan. Intitulada Zenith, a mostra é composta por um conjunto de aproximadamente dez pinturas inéditas, todas criadas ao longo dos últimos meses.
A artista, que fez estudos de astronomia, mostra obras inspiradas por uma viagem recente à Noruega, onde observou fenômenos como a aurora boreal. Essas telas unem o cosmos a paisagens gélidas e inóspitas que servem como pano de fundo para reflexões existenciais.
O resultado dessa viagem ao país nórdico são pinturas minuciosas e diáfanas, nas quais fenômenos observados no céu aparecem com maior protagonismo: cometas, estrelas cadentes, arco-íris, auroras, nevoeiros e corpos celestes como luas e sóis figuram nas telas. As obras, no entanto, não têm um compromisso científico com a representação e, por vezes, parecem retratar, de fato, espaços oníricos ou extraterrestres — indicando o aspecto subjetivo dos trabalhos.
A exposição dialoga com temas clássicos da arte e da filosofia, mostrando paisagens que evocam o sublime e a pequenez humana diante do universo. No entanto, a artista traz esses debates aos tempos atuais apontando para acontecimentos em sua própria biografia e para o modo de vida isolado contemporâneo.
Fran Chang elegeu a seda como suporte para suas pinturas, o mesmo tecido que sua mãe, taiwanesa que imigrou para o Brasil, utilizava na confecção de suas roupas. Além de conferir transparência e leveza às pinturas, a seda serve como uma ponte afetiva, política e social com a região do Leste da Ásia. Nesse sentido, a placidez das paisagens de Chang também parece dialogar com a tradição artística chinesa.
Zenith reúne os últimos desdobramentos da pesquisa de Fran Chang, que, com leveza, explora em suas obras a possibilidade da contemplação estendida e questões sobre pertencimento, diáspora e solidão, transitando do subjetivo ao global com beleza e seriedade.
“Pacientes e silenciosas, as obras de Chang se propõem a externar atmosferas emocionais com postura disciplinada e honesta perante a própria pintura”, escreve Mateus Nunes em texto que apresenta a exposição. “A escolha da seda como suporte se deu pelo fato de a artista estar sempre cercada pelo tecido em casa, já que sua mãe, desde antes de imigrar para o Brasil, o privilegiava na costura das próprias roupas em uma Taiwan libertária. Quanto à reverência a tradições artísticas chinesas, Chang aproxima-se da rigorosidade da técnica gogbi, sobretudo nas detalhadas pinceladas com intenção realista. A escolha de paisagens contemplativas avizinha-se da tradição shan shui, em que se figuram montes, mananciais e cascatas, com sensibilidade à captura dos ritmos da natureza, de fluidezes energéticas e da possibilidade irradiadora de alma.”
São Paulo, Brasil
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