Escritura é rastro, desenho é sopro é o título do projeto organizado pela curadora Galciani Neves para o stand da Galeria Millan na ArPa - Feira de arte.
Os trabalhos de Guga Szabzon (São Paulo, 1987) e de José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968) se aproximam por modos de pensar a linha e o espaço como acontecimentos plásticos. Também constituem um lugar de convivência em suas diferenças e singularidades: Guga e sua concentração em um desenho que se dá no tecido e Damasceno tensionando questões escultóricas e processos de construção objetuais.
A seleção das obras tem como critério apresentar ao público trabalhos dos artistas produzidos recentemente e que discutem o desenho, em uma ampla acepção, se desvinculando de uma natureza especificamente projetual, ou seja, que se põe a serviço da obra.
Nos trabalhos de Guga e Damasceno, o desenho se dá como um gesto de escritura no espaço, por força própria. E por isso, deixa rastros de um corpo e propõe possibilidades de relação. Há aí, nessa ideia, uma vontade de pensar desenho e escritura fora das obviedades que circundam essas noções (a escritura que não é apenas voltada à palavra e o desenho que não é só produção plástica), em seus atravessamentos temporais (um não é estrutura/projeto para o outro), em hibridizações (jogos de ambivalência, trocas, deslimites).
A linha é uma forte presença nos trabalhos, como Beira, de Guga, e Ângulos, de Damasceno. Nos trabalhos de Guga, a linha atravessa e demarca espaços e narrativas em tecidos. Enquanto nos trabalhos de Damasceno, a linha se dá em materiais diversos, é contorno, cena e também fenda. Construções de espaços também se estabelecem e parecem apontar para lógicas de encontro, como em Nós, de Guga, e Iguais, de Damasceno.
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